Texto reflexivo por Ítalo Rui sobre o Dia Nacional da Cultura.
Hoje, 5 de novembro, é comemorado o Dia Nacional da Cultura.
Como um artista de Manaus, que conheceu o Ceará há 7 anos, quando decidiu fazer mestrado em artes pelas terras de Belchior, ainda sinto o mesmo vislumbre e encantamento quando observo os modos de operação da cultura no estado, mas sobretudo em Fortaleza, cidade que escolhi para viver. Quando me refiro aos modos de operação, falo sobre a maneira como a cultura é regada pelas políticas públicas, permitindo que, pelo menos aos meus olhos, a terra continue sendo adubada. Esse vislumbre e encantamento que mencionei no início era algo dito por meus colegas de mestrado e, às vezes, ainda ouço em conversas de bares, desabafos etc., como se fosse um comentário que me tornasse alguém empolgado demais com absolutamente tudo que acontecesse aqui.
Explico: de onde venho, o modus operandi da cultura é outro. O que aqui ainda é considerado como precário, lá seria nosso oásis. Isso me faz entender que a cultura opera em diversas dimensões no cenário brasileiro, e nós ainda não estamos habituados a essa conversa. O território é fator que vai determinar como os frutos dessa terra germinarão. Aqui, vejo frutos que caem ao redor de suas árvores, fortalecendo a terra. Lá, os frutos muitas vezes não vingam e, em alguns casos (o meu, por exemplo), vão rolando por outras terras até acharem condições mais saudáveis ou menos insalubres.
Ao mesmo tempo, entendo que lutar por uma terra mais fértil, mais saudável e mais potente seja o que todos querem — e devem fazê-lo. Como um artista em movimento entre o Norte e o Nordeste, vivendo em um contexto mais favorável às políticas públicas da cultura, desejo que nosso imaginário sobre um lugar digno continue nos direcionando rumo a ações concretas e que desaguem em terras como o Ceará.
Feliz Dia Nacional da Cultura a nós!
